sábado, 22 de dezembro de 2012

NOÇÕES DO PENSAMENTO ESCATOLÓGICO DE PAULO


Lição 12 – 23 de Dezembro de 2012

NOÇÕES DO PENSAMENTO ESCATOLÓGICO DE PAULO

TEXTO ÁUREO
“Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos”. I Co 10.11

VERDADE APLICADA
A igreja precisa estar preparada para os tempos do fim, esperando a vinda do Senhor com muita intensidade, como se fosse a qualquer momento.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
 Entender o sentido de pensamento escatológico para Paulo, que via presente e futuro simultaneamente;
 Compreender as bases que nortearam o pensamento escatológico paulino;
 Conhecer os principais temas da escatologia paulina.

TEXTOS DE REFERÊNCIA
lTs 4.14 – Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele.
lTs 4.15 – Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem.
lTs 4.16 – Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro;
2Ts 4.17 – depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

INTRODUÇÃO
Em seu ministério, Paulo se deparou com questões sérias dos crentes no que tange a escatologia, e ele se viu obrigado a responder-lhes; objetivamente através de suas correspondências. Questões como se o Senhor voltaria, ou o que aconteceria aos que morreram em Cristo. Com eloquência literária, o apóstolo respondeu a todas essas dúvidas.

Professor: Defina o que é escatologia, de modo simples escatologia é o estudo das últimas coisas;
Repita a verdade aplicada sobre o desejo que o cristão deve ter da volta de Jesus, comente que em muitas igrejas não se fala mais sobre isto.

1.  FONTES DA ESCATOLOGIA DE PAULO
Contrariamente do que podemos pensar, nos dias de Paulo, havia um mar turvo e variado de pensamentos correntes a respeito da escatologia. Contudo não havia uma escatologia tão elaborada com detalhes arrojados, expostos em mapas e termos como usamos hoje. Mesmo a visão escatológica de Paulo de presente e futuro se mesclavam simultaneamente, porque acreditava que o fim já era chegado. Agora quanto às fontes de seu pensamento consistia nos três itens abaixo, como veremos.

  • Ao observar a igreja primitiva fica claro que muitos deles criam que Jesus voltaria imediatamente, Paulo por sua vez, revelado pelo próprio Cristo, não se deteve em um lugar e ficou aguardando a volta de Cristo (como muitos que venderam tudo aguardando o arrebatamento). Paulo saiu a evangelizar o mundo habitado da época sendo o maior missionário de todos os tempo.


Devemos levar em conta que Paulo era fariseu e, como tal, usou muito do material do judaísmo que professou. Ao leitor, basta ter lido o A.T. e verá que Paulo escrevia suas cartas embasadas nele. Os escritos paulinos estão fartos de citações diretas e indiretas do A.T., nesse tempo as Escrituras Sagradas resumiam-se ao A.T., então, tanto Jesus, quanto Paulo, lançavam mão do material profético contido lá. Por exemplo, a expressão “o dia do Senhor” referindo-se a volta messiânica; o conceito de ressurreição dos mortos, encontrado em Daniel 12.2; o posicionamento quanto à pessoa do anticristo em 2aTessalonicenses também se trata de uma interpretação de Daniel, 7.8,25.

  • A Torá era o livro dos judeus e correspondem ao nosso atual “velho testamento”;
  • Esta era a “Bíblia” da época a qual serviu de base para os cristãos do primeiro século, incluindo Paulo e o próprio Jesus;
  • Um livro que foi a base do cristianismo, continua importante e deve ser levado em conta em nossas leituras diárias;
  • Não se deve desprezar o velho testamento como algo ultrapassado.


1.2. BASEADO NA PESSOA DE CRISTO
Jesus Cristo morreu e ressuscitou como demonstração do que ocorrerá com os cristãos universalmente que tiverem morrido. Na ótica de Paulo, Jesus Cristo é a primícia dos que dormem, como tal, a sua ressurreição tanto dá compreensão do que se realizará objetivamente aos crentes, quanto é a garantia de que tal fato ocorrerá com a igreja. Entretanto, a ressurreição é um acontecimento reservado ao futuro, isto é, quando entregar o reino ao seu Deus e Pai, depois que destruir todo poder oponente colocando os inimigos debaixo de seus pés (I Co 15.20-28). O tema da ressurreição não era novo, mas essa perspectiva através de Cristo segundo a ótica paulina sim.

  • Primícia ou primeiro, se Jesus é o primeiro a ressuscitar significa que muitos outros virão após Ele;
  • A ressurreição de Cristo é a prova de que todos os demais que morrerem n`Ele ressuscitarão também;
  • Observe que o Velho Testamento apontava para Cristo, já os ensinos de Paulo afirma que Jesus é o alicerce da nova dispensação e da fé cristã.


1.3. NOVAS REVELAÇÕES DE CRISTO
Ao examinar os livros proféticos e demais livros do AT, não encontramos, em nenhuma parte, profecia alguma que mencione o arrebatamento da igreja, a transformação dos fiéis vivos e o recebimento de um corpo glorificado e imortal como Paulo apresenta em l Coríntios 15. Logicamente, trata-se de um segredo divino para o tempo da igreja não revelado aos profetas daquela época, e sim ao profeta Paulo. Todavia, encontramos no A.T., Enoque sendo tomado pelo Senhor (Gn 5.24); e Elias subindo ao céu num redemoinho (2 Reis 2.11). Na verdade, o rapto da igreja continua sendo um segredo, principalmente para o mundo sem Cristo.

  • Porque cremos tanto no arrebatamento se não há referências sobre ele no Velho Testamento? Simples! Porque o próprio Jesus declarou que foi nos preparar um lugar e que voltaria para buscar a igreja (confere em Jo 14);
  • Paulo levou adiante os ensinamentos que recebeu de Jesus;
  • O arrebatamento incomoda tanto ao inimigo de nossas almas que uma série de teorias já está sendo criada para justificar um evento que ainda nem aconteceu, tudo esta preparado para desmentir o episódio do arrebatamento (rapto de extraterrestres dentre outras teorias)...


2.  ESCATOLOGIA SUBJETIVA
Diz respeito ao individuo. Estuda a morte, o estado intermediário, a ressurreição, os julgamentos de Deus, o destino dos salvos e ímpios, o estado eterno e etc. Mas aqui vamos tratar apenas de alguns temas conforme abaixo:

2.1. A CERTEZA DA VOLTA DO SENHOR
A vinda de Jesus para Paulo é uma certeza tão real, quanto o encontro que com Ele teve em Damasco. A palavra vinda “parousia” significa tanto vinda quanto presença. Era aplicada inicialmente pelos gregos para indicar a chegada de um rei ou governador a uma cidade, quando preparativos eram feitos para esse evento. William Barclay chega a dizer que uma nova era, era datada a partir da chegada daquele imperador. Embora essa palavra fosse comum nos dias de Paulo, ela não tinha perdido esse sentido de chegada real. E Paulo ao escrever aos tessalonicenses refere-se a eles como alegria e coroa “na presença de nosso Senhor em sua vinda” (lTs 2.19). Mas referindo-se a “parousia” de Jesus ele escreve também (lTs 3.13; 4.15; 5.23; 2Ts 2.1,8,9).

  • Interessante definição dada pelo comentador sobre a vinda de Jesus como o de uma autoridade da realeza;
  • Professor, é importante relembrar que a vinda de Jesus ocorrerá em duas etapas, a primeira invisível ao mundo e silenciosa, onde os crentes serão arrebatados num abrir e fechar de olhos;
  • A segunda após a tribulação onde todo olho o verá!


2.2. O ESTADO INTERMEDIÁRIO
Entendemos, pelos escritos paulinos, que a morte é encarada positivamente, visto que ela não é punição para os cristãos, (Rm 8.1)  Todavia a morte sempre será vista como uma inimiga de Deus, que será destruída na consumação dos séculos (ICo 15.24-26, 54,55). Os crentes não precisam ter medo de morrer, pois “nem mesmo a morte é capaz de separar o crente do amor de Deus” (Rm 8.39). O que não diríamos da mesma forma para os descrentes e irreligiosos. Quando o fiel em Cristo morre, ele vai à presença de Cristo, Paulo se utiliza da expressão “partir e estar com Cristo” (Fp 1.23) “deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8) . Ali eles permanecem até que estes “mortos em Cristo ressurjam” (lTs 4.16) . Não há menção de nenhum sono da alma ou purgatório com estado intermediário nos ensinos paulinos e na Bíblia, que são doutrinas de origem grega e não cristã.

  • A morte é contra a natureza humana uma vez que fomos criados para ser eternos, por isto, do ponto de vista humano, a morte causa conflito e temor ao homem;
  • Por outro lado, a morte do crente é a passagem da “morte para a vida”, é estar confortável no “seio de Abraão” aguardando a ressurreição;
  • Reforce o que disse o comentador que “Não há menção de nenhum sono da alma (doutrina adventista) ou purgatório (doutrina Católica) com estado intermediário nos ensinos paulinos e na Bíblia, que são doutrinas de origem grega e não cristã.”


2.3.  A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS E ARREBATAMENTO DOS VIVOS
Algumas dúvidas entre os crentes foram cruéis, principalmente no que respeita a ressurreição dos mortos, tanto para os coríntios, quanto para os tessalonicenses. Os coríntios não estavam certos se haveria ressurreição e havia entre eles aqueles que, embora professassem a fé em Cristo, estranhamente não criam nisso à semelhança dos saduceus. Por isso Paulo lhes mostra que a razão da nossa fé é a ressurreição de Cristo. É com base nela que os mortos em Cristo ressuscitarão e receberão um novo corpo espiritual glorificado, enquanto que os vivos serão transformados nesse momento (ICo 15.50-58) Já os irmãos tessalonicenses tinham facilidade em crer, mas não sabiam o que aconteceria com os mortos no Senhor na sua vinda. Então, Paulo lhes esclarece que eles ressuscitarão primeiro, enquanto que os vivos serão arrebatados a encontrar com o Senhor nos ares, para estar para sempre com Ele (lTs 4.16-17).

  • Paulo demonstra em suas cartas a importância da boa instrução do povo no que tange aos ensinamentos da Bíblia sagrada; Infelizmente a EBD têm sido bem menos frequentadas do que outros cultos;
  • É importante esclarecer que os mortos ressuscitarão primeiro e os vivos serão arrebatados imediatamente após e ambos encontrarão com o Senhor nas nuvens;
  • Os que morreram sem Cristo continuarão aguardando o grande dia do julgamento final que só ocorrerá no final dos tempos;
  • Note que Paulo fala sobre um novo corpo, um corpo espiritual onde não há corrupção, nem doenças nem pecado..


3. ESCATOLOGIA OBJETIVA
O assunto da escatologia objetiva paulina é variado, aqui exporemos apenas alguns tópicos que consideramos principais. Quando tratamos da escatologia objetiva, falamos daquilo que vale para toda a igreja. Mesmo ao comentar acerca de Israel, falamos do ponto de vista eclesiástico abordado por Paulo, é claro.

3.1. O SURGIMENTO DO ANTICRISTO
Este é um evento de caráter universal que está relacionado à “vinda do Senhor, a nossa reunião com Ele, e o dia do Senhor” (2Ts 2.1,2). Paulo ensina sobre dois tipos de manifestações, a “do homem do pecado e filho da iniquidade”, que se revelará em ocasião própria, o qual se levanta e opõe-se contra tudo que se chama Deus; e também a manifestação do Senhor Jesus, e como ela destruirá o iníquo através do sopro de sua boca. Notem que a epifania do anticristo será precedida por um ambiente preparatório que envolverá a parte da igreja visível de Cristo, que dele se afastará de muitas maneiras e completamente (2Ts 2.3).

  • Anticristo como o nome diz é aquele que se opõe a Cristo;
  • São duas as ocasiões da revelação do anticristo, a primeira pode já estar acontecendo, pois o mesmo irá preparar o terreno para a sua ação, depois haverá a revelação do anticristo opondo-se abertamente a Deus e deixando um grande número de seguidores frustrados com sua nova postura;
  • Observe que todo o mundo já se prepara para se tornar uma grande aldeia global podendo ser comandada por um só homem.


3.2. A REVELAÇÃO E EPIFANIA
Este é o auge da história bíblica e o ápice da escatologia paulina, a revelação (apoka-lupsis) do Senhor Jesus Cristo (ICo 1.7). O seu sentido é que Ele se revelará publicamente ao mundo na sua vinda. Quer dizer, que o Rei da glória que está escondido, como um segredo sairá de seu palácio celestial e apresentar-se-á em toda a sua majestade e poder, destruindo o poder vigente (2Ts 2.8) , mas com verdade, justiça e juízo estabelecerá o seu reino visível. Quanto à manifestação (epifania) do Senhor Jesus nessa ocasião, o obreiro do Senhor bem como todo o crente, deve aguardar, segundo a ótica de Paulo, esse momento com uma vida imaculada e irrepreensível (lTm 6.14), pois, conforme Paulo, Cristo Jesus julgará os vivos e os mortos pela sua manifestação e pelo seu reino, por isso, o obreiro do Senhor deve esmerar-se no trabalho da exposição da sua Palavra (2Tm 4.1-2).

  • Epifania pode se dizer da peça que faltava para completar o quebra cabeças ou para a revelação ser completa;
  • A epifania de Cristo nada mais é do que a revelação a todos daquilo que eram oculto em partes;
  • Cristo se revelará a todos e todo o olho o verá!


3.3. TEMPOS DE RESTAURAÇÃO DE ISRAEL
Devemos lembrar que Paulo pregava nas sinagogas aos sábados, e seu público era de judeus e gentios piedosos que as frequentavam. Todavia o seu alvo em mira eram os gentios, posto que estes tivessem dificuldades com relação à circuncisão e demais ritos. Como seu trabalho teve grande êxito e mesmo em Roma a presença judaica na igreja era bem inferior, havia sérios questionamentos a respeito do que a eles sucederia, visto que por essa época em Roma, talvez em todo mundo cristão, não tinha mais esperança que todos eles se convertessem. Paulo, melancolicamente, escreve dando-lhes uma série de respostas, mas principalmente que a rejeição deles não era definitiva (Rm 11.1-15)
Todavia, à parte da teologia paulina, entendemos que na vinda do Senhor, apenas sobreviverão os judeus que de fato estiverem esperando o Messias Jesus.

  • Israel é conhecido como o povo escolhido que infelizmente rejeitou o Messias;
  • Mas o que dizer do futuro, não há esperança para Israel;
  • Atualmente podemos afirmar categoricamente pela Bíblia sagrada que só há salvação para aqueles que aceitam a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas;
  • Há dois caminhos e não há meio termo;
  • Podemos afirmar pela Bíblia que, o remanescente de Israel que não se prostrar diante do anticristo e da besta, será salvo no fim da tribulação, pois reconhecerão Jesus como Messias;
  • Fora este episódio, a única forma de ser salvo e aceitando a Cristo como Messias e Salvador, não há outro caminho.


CONCLUSÃO
A escatologia, em Paulo, gera muitas discussões. Todavia precisamos conhecer mais profundamente o seu pensamento como profeta da igreja. Aguardando, com viva esperança, o retorno de Jesus. Pois, na verdade, nada falta para que Ele volte, senão que Ele isso faça a seu tempo. Aguardemos então, maranata

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